Ansiedade: quando o alerta vira prisão

Ansiedade, tratamento

Autor: Andriano Martins

Sentir ansiedade faz parte da vida. Afinal, quem nunca ficou com o coração acelerado antes de uma entrevista de emprego, uma apresentação ou até mesmo ao esperar o resultado de um exame? Em outras palavras, esse frio na barriga é normal e até útil, pois nos prepara para enfrentar desafios.

No entanto, o problema começa quando esse “alerta” não desliga. Ou seja, quando o corpo e a mente permanecem em estado de tensão mesmo sem perigo real. Nesses casos, a ansiedade deixa de ser uma força protetora e, assim, pode se transformar em uma prisão que limita a rotina e a qualidade de vida.

Por que a ansiedade acontece?

Nosso cérebro é equipado com um sistema de defesa chamado de “luta ou fuga”. Quando sentimos ameaça — real ou imaginada — a amígdala cerebral aciona substâncias como adrenalina e cortisol. Isso faz o coração disparar, os músculos ficarem tensos e a respiração acelerar.

Esse mecanismo foi essencial para nossos ancestrais sobreviverem a perigos, como fugir de animais selvagens. Mas hoje, muitas vezes, ele é ativado em situações sem risco, como um atraso no trabalho, um comentário nas redes sociais ou até a antecipação de algo que talvez nunca aconteça.

Ansiedade
Ansiedade no dia a dia

Como a ansiedade afeta o dia a dia

Quando passa dos limites, a ansiedade começa a invadir os pequenos momentos. É comum sentir:

  • preocupação constante e exagerada,
  • dificuldade para relaxar ou dormir,
  • medo de situações sociais,
  • sensação de que “algo ruim vai acontecer”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas no mundo convivem com algum transtorno de ansiedade. Ou seja: se você sente que está passando por isso, não está sozinho.

Caminhos para retomar o equilíbrio

A boa notícia é que existem formas de lidar com a ansiedade. Algumas estratégias eficazes são:

Terapia: a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ajuda a identificar e mudar padrões de pensamento que alimentam a ansiedade.
Exercícios físicos: caminhar, dançar, correr ou praticar esportes ajuda a reduzir o estresse e liberar endorfina.
Respiração e mindfulness: técnicas de respiração profunda e atenção plena acalmam a mente e trazem foco para o presente.
Cuidar do corpo: sono regular, alimentação equilibrada e menos cafeína fazem diferença.
Apoio profissional: em alguns casos, acompanhamento médico e uso de medicação são importantes.

 

Conclusão

Ansiedade em doses certas é um alerta natural que nos mantém atentos. Mas quando se transforma em prisão, é hora de pedir ajuda e aprender a cuidar de si.

Como disse o psiquiatra Viktor Frankl, sobrevivente do Holocausto:
“Entre o estímulo e a resposta, existe um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher a resposta. E, nessa resposta, está a nossa liberdade.”

Buscar esse espaço é o primeiro passo para viver com mais leveza, sem deixar que a ansiedade dite os rumos da sua vida. 🌿✨

Referências Bibliográficas

  • American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
  • Beck, A. T., & Emery, G. (1985). Anxiety Disorders and Phobias: A Cognitive Perspective.
  • Frankl, V. (2008). Em busca de sentido.
  • LeDoux, J. (2015). Anxious: Using the Brain to Understand and Treat Fear and Anxiety.
  • World Health Organization (WHO). (2017). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates.

"Ansiedade não define quem você é — apenas mostra que é hora de cuidar de si."

Psicólogo Ilha do Governador

Autor:
Andriano Martins
CRP:05/55017

Especialista em Neuropsicologia e Psicologia Clínica.

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