TOC x TAG em Adolescentes:
Entenda as Diferenças

Autor: Andriano Martins
A adolescência é uma fase de intensas transformações físicas, emocionais e sociais. É comum que jovens enfrentem dúvidas, inseguranças e até medos. Mas quando essas preocupações se tornam excessivas ou se manifestam em comportamentos repetitivos e angustiantes, pode ser sinal de algo mais sério: o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) ou o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG).
Neste artigo, vamos explicar de forma clara o que são esses transtornos, como diferenciá-los e o que os pais devem observar em seus filhos.

O que é o TOC?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) é caracterizado por obsessões (pensamentos, imagens ou impulsos indesejados que causam ansiedade) e compulsões (comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa sente necessidade de realizar para aliviar a ansiedade ou evitar um evento temido).
Na adolescência, o TOC pode se manifestar de forma mais intensa, trazendo dificuldades no convívio escolar e social. Muitos adolescentes podem sentir vergonha ou medo de serem julgados, o que agrava ainda mais o isolamento.
Exemplo: verificar várias vezes se a porta está trancada, lavar as mãos repetidamente por medo de contaminação ou repetir frases mentais para evitar que algo ruim aconteça.
O que é o TAG?
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) é caracterizado por preocupações excessivas e persistentes sobre várias áreas da vida (escola, amizades, família, saúde), difíceis de controlar e desproporcionais à realidade. Além disso, vêm acompanhadas de sintomas físicos como fadiga, tensão muscular, inquietação e dificuldade para dormir.
Em adolescentes, o TAG frequentemente se traduz em preocupações constantes sobre desempenho escolar, aceitação pelos colegas ou medo de que algo ruim aconteça à família.
Exemplo: preocupação contínua com notas na escola, mesmo sendo bom aluno, ou medo exagerado de que familiares sofram acidentes.

Principais Diferenças entre TOC e TAG em Adolescentes
- Natureza dos pensamentos
- TOC: pensamentos intrusivos e específicos (obsessões).
- TAG: preocupações difusas e generalizadas.
- Resposta ao pensamento
- TOC: necessidade de realizar rituais ou compulsões.
- TAG: preocupação contínua, sem rituais definidos.
- Áreas afetadas
- TOC: foco em temas como limpeza, simetria, segurança.
- TAG: preocupação sobre múltiplas áreas da vida cotidiana e acadêmica.
Tratamento
Tanto o TOC quanto o TAG respondem bem a terapias psicológicas, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), e em alguns casos ao uso de medicação prescrita por psiquiatra.
Nos adolescentes, o tratamento envolve também orientar pais e professores para que entendam os sintomas e saibam como apoiar o jovem.

Orientações aos Pais
Adolescentes também podem apresentar sintomas de TOC ou TAG. Pais e responsáveis devem estar atentos a sinais como:
- Ritualizações exageradas (lavar as mãos em excesso, verificar portas várias vezes).
- Preocupações constantes e desproporcionais, que dificultam o dia a dia escolar e social.
- Irritabilidade, dificuldade de concentração e problemas de sono.
Ao perceber tais comportamentos, é essencial buscar ajuda de um psicólogo ou psiquiatra, que poderão avaliar, diagnosticar e propor o tratamento mais adequado. O suporte familiar é fundamental para o enfrentamento dessas condições.
Conclusão
Embora tanto o TOC quanto o TAG estejam relacionados à ansiedade, eles se manifestam de formas distintas, especialmente na adolescência. O TOC envolve obsessões e compulsões específicas, enquanto o TAG se caracteriza por preocupações excessivas e difusas. Reconhecer essas diferenças em jovens é fundamental para buscar ajuda especializada e oferecer o suporte necessário para que o adolescente enfrente essas dificuldades e consiga se desenvolver de forma saudável.
Referências Bibliográficas
- American Psychiatric Association. (2022). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM-5-TR. Porto Alegre: Artmed.
- Clark, D. A., & Beck, A. T. (2012). Terapia Cognitiva para Transtornos de Ansiedade. Porto Alegre: Artmed.
- Knapp, P., & Beck, J. S. (2008). Terapia Cognitivo-Comportamental: Fundamentos, Teoria e Prática. Porto Alegre: Artmed.
- Hofmann, S. G., & Asnaani, A. (2017). Cognitive Behavioral Therapy for Anxiety Disorders: An Update on the Empirical Evidence. Dialogues in Clinical Neuroscience, 19(3), 247–254.
🧠 "Nem todo pensamento precisa ser verdade, nem toda ansiedade precisa ser enfrentada sozinha.
Você merece cuidado, compreensão e tempo para respirar."

Autor:
Andriano Martins
CRP:05/55017
Especialista em Neuropsicologia e Psicologia Clínica.